PAZ

Procurei-a um dia, afoito, desordenado.

Como à achar? Sabia-a abstrata, não tinha formas,

não ocupava espaços.

Podia estar aqui ao meu lado, como à sentir?

Angustiado, desesperado até,

busquei-a onde não devia, pois ali,

dúbia, vacilante, maldosa,

configurações diversas possuia,

e não era por princípios e vivências,

a paz que procurava, sinceramente não éra.

E agora? Como a achar, como a procurar?

Que caminho seguir?

Ponderei. No meu interior, algo me dizia,

adormecida, talvez ela pudesse estar.

Sondei:- Escuridão, decepções, frustrações encontrei.

A paz desejada, ansiada, gratuita, sem interesses,

fazia-se teimosa, não aparecia, e eu,

em desespero, quase sucumbi então.

Num grito, misto de revolta e resignação,

quedei-me num silêncio amargo e então,

de repente, num rompante, algo de estranho senti.

Ali, escondidinha, dentro de mim,

via-a pequenininha, luz tênue, quase sem brilho.

À princípio, tímida, vacilante até,

emergia, se apagava, aflorava, se ia,

e eu, no desespero, pedia, implorava,

não se vá, não me deixe, brilhe, cresça, apareça.

Aos poucos, numa mansidão profunda,

senti-a crescendo, viva, brilhante, ofuscante,

e qual lenitivo que apaga as dores,

meu ser, irradiante, vibrava, sentia,

enfim paz, muita paz, enfim paz, muita paz.

12-06-2011