A PAZ DO POETA
A PAZ DO POETA
Carmo Vasconcelos
Vive o poeta na angústia permanente
De não ter sábios dons de bruxo ou mago,
Que lhe outorgem poder omnipotente
Pra consertar no mundo tanto estrago!
E num dilema mártir ouve os gritos
Dos que em tortura sofrem mil carências,
Minguando na miséria atroz, aflitos,
Vítimas de brutais incongruências!
E revolta-se o verso escrito a sangue,
E gela-se-lhe a mão pela impotência
De prover a cada alma e corpo exangue,
A humana e natural sobrevivência!
Enquanto houver desprezo, fome e guerra,
Às mãos cruentas dos aios de Satanaz,
Haverá de encrespar-se o mar e a terra,
E há-de lutar o Poeta pela Paz!
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Lisboa/Portugal
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