alguém bate e aporta
de madrugada, de repente,
bateram na minha porta
chovia
seria o vento?
não era, chovia
seria a lua?
não era, chovia
seria um mendigo,
um homem, uma mulher,
um menino de rua,
um velho, uma velha
um motorista de táxi
com o pneu furado?
como resultado
das minhas indagações,
me dei conta de que tinha
uma porta,
tinha um casa
seria alguém que nem portatinha?
abri a portinhola,
ninguém eu via,
chovia
cheguei à conclusão
de que a porta é ambígua
ela traz o conforto,
mas encerra a solidão
me traz o mundo
e a sua apelação
ou invoca a minha
e o meu desejo interiorizado do mundo
eu tinha uma porta
seria alguém que nem portatinha?
abri a portinhola
ninguém eu via,
chovia