alguém bate e aporta

de madrugada, de repente,

bateram na minha porta

chovia

seria o vento?

não era, chovia

seria a lua?

não era, chovia

seria um mendigo,

um homem, uma mulher,

um menino de rua,

um velho, uma velha

um motorista de táxi

com o pneu furado?

como resultado

das minhas indagações,

me dei conta de que tinha

uma porta,

tinha um casa

seria alguém que nem portatinha?

abri a portinhola,

ninguém eu via,

chovia

cheguei à conclusão

de que a porta é ambígua

ela traz o conforto,

mas encerra a solidão

me traz o mundo

e a sua apelação

ou invoca a minha

e o meu desejo interiorizado do mundo

eu tinha uma porta

seria alguém que nem portatinha?

abri a portinhola

ninguém eu via,

chovia

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 26/04/2011
Código do texto: T2931106
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