Sabor positivo do ócio
Sem culpa de desfrutar o sabor positivo do ócio, observo, sentado no banco de madeira , o jardim recém aguado. As formigas sobem e descem pelos caules saudáveis das plantas; as flores balouçam e polvilham seus perfumes no ar fresco; folhas maduras desprendem-se e caem sobre a grama aparada; a tarde avança calma e o sol ilumina a membrana das folhas pintando-as em distintas gradações de cores.
Sorvendo essa experiência subjetiva de ócio e assimilação do mundo, contemplo também uma gota d’água dependurada sob a folha de uma planta suculenta. Olho-a num estado de encantamento por minutos e minutos. Imóvel, como que paralisada, ela não goteja seu corpo líquido no solo. Obstinada, desafia a força de atração que a Terra exerce sobre seu corpo frágil.
A experiência do ócio é o intercâmbio do ser com o mundo numa expressão autêntica de nós mesmos.