Bandeira Branca
Ainda procuro o ninho da pomba,
Procuro ainda trilhas que me levem
Ápice de alegria
E onde passo o piso nasce uma bomba.
Preparei minha casa para recebê-la,
Destrui as paredes, o rodapé e toda estrutura da minha alma
Mas não acabei com ela o sonho da minha vida.
Pro jantar convidei João de barro,
Arquitetou tudo que me cerca como a cerca de sua casa
Sou caseiro de barro, não por acaso.
Meus braços ainda residem em meu corpo,
Mas não voaram as asas da pomba
Não se mexeram .
A minha jangada naufraga nas lágrimas expulsas
Vou com a enchente, vou sem jangada.
A pomba ainda não veio e as bombas habitam
Indiscretamente.
Sobre a tristeza debruçada no plantio
Sobrevive um lençol da cor do aperto
Pintado de vermelho e manchado de fim.
O lençol que me cobre à mente é branco
Como minha grandeza cujo módulo é culto
Na esperança arrasada.
Era branco o meu sonho, mas não manchado
como meu lençol.
Da vida bombástica não restou o fio vermelho.
A tinta cruel eu pus aos estilhaços.
E do branco que renasce eu fiz o meu pavilhão
Do meu braço guerreiro o haste ferido
Vivo, cansado iça finalmente
A bandeira branca.
Sobre ela agora pousa
A pomba canta.
Paz!