Bandeira Branca

Ainda procuro o ninho da pomba,

Procuro ainda trilhas que me levem

Ápice de alegria

E onde passo o piso nasce uma bomba.

Preparei minha casa para recebê-la,

Destrui as paredes, o rodapé e toda estrutura da minha alma

Mas não acabei com ela o sonho da minha vida.

Pro jantar convidei João de barro,

Arquitetou tudo que me cerca como a cerca de sua casa

Sou caseiro de barro, não por acaso.

Meus braços ainda residem em meu corpo,

Mas não voaram as asas da pomba

Não se mexeram .

A minha jangada naufraga nas lágrimas expulsas

Vou com a enchente, vou sem jangada.

A pomba ainda não veio e as bombas habitam

Indiscretamente.

Sobre a tristeza debruçada no plantio

Sobrevive um lençol da cor do aperto

Pintado de vermelho e manchado de fim.

O lençol que me cobre à mente é branco

Como minha grandeza cujo módulo é culto

Na esperança arrasada.

Era branco o meu sonho, mas não manchado

como meu lençol.

Da vida bombástica não restou o fio vermelho.

A tinta cruel eu pus aos estilhaços.

E do branco que renasce eu fiz o meu pavilhão

Do meu braço guerreiro o haste ferido

Vivo, cansado iça finalmente

A bandeira branca.

Sobre ela agora pousa

A pomba canta.

Paz!

Rodney Mota
Enviado por Rodney Mota em 15/12/2010
Reeditado em 30/07/2023
Código do texto: T2673475
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