Um terreiro de fé

Numa roda de terreiro

galinha,vela e charuto

Sinhá Veia é guerreiro

É o cavalo do matuto

Solta voz estrangulada

ocioso arruma emprego

quem assedia empregada

nunca mais vai ter sossego

lá muleta vira cabide

cadeirante vira atleta

possuída ela decide

apaga fogo da inquieta

roupa branca o pó levanta

lembra Jorge e Iemanjá

pinga rola pela garganta

ninguém se atreva a caçoar

a Diná volta para o Dalmo

volta o lucro para o falido

homem danado fica calmo

o desamado fica querido

pena preta só o que voa

entra na roda a cabaça

no ritmo que se entoa

anuvia de fé a cachaça

limpa tudo, sem resquício

e não sobra nem um vício

sua espada não dá falho

livra da droga e do baralho

lá se visita o porão d´alma

se esgotada toda a ciência

o seu sonho ali se salva

último apelo é a serviência

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 17/11/2010
Reeditado em 18/11/2010
Código do texto: T2621488
Classificação de conteúdo: seguro