Contemplação
Encostou a mão de leve
Na face oculta de uma vidraça
Um pouco velha e sem importância
Mas carregada de experiências
Tão vastas que deixavam suas marcas
Mãos que depois de ficar ali
Escorregaram pelo leve toque
Nas entranhas frias e inertes
Do mesmo corpo já um pouco morto
Num suspiro de alegria
As mesmas mãos que atavam no tempo
Algum mistério profundo e eloqüente
Agora pareciam crianças inocentes
Com a face rosada e cheia de sardas
Como bailarina que dançava a vida
Esse ritual velado pelo vento
Coberto de véu branco e macio
Foi a primeira necessidade
De fechar os olhos e sentir de leve
Que entregara a alma lívida
Elevou-se em contemplação
Saltou um leve suspiro
E mirou com cuidado a lua linda
Levantou
E foi andando pela beira do mar