Contemplação

Encostou a mão de leve

Na face oculta de uma vidraça

Um pouco velha e sem importância

Mas carregada de experiências

Tão vastas que deixavam suas marcas

Mãos que depois de ficar ali

Escorregaram pelo leve toque

Nas entranhas frias e inertes

Do mesmo corpo já um pouco morto

Num suspiro de alegria

As mesmas mãos que atavam no tempo

Algum mistério profundo e eloqüente

Agora pareciam crianças inocentes

Com a face rosada e cheia de sardas

Como bailarina que dançava a vida

Esse ritual velado pelo vento

Coberto de véu branco e macio

Foi a primeira necessidade

De fechar os olhos e sentir de leve

Que entregara a alma lívida

Elevou-se em contemplação

Saltou um leve suspiro

E mirou com cuidado a lua linda

Levantou

E foi andando pela beira do mar

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 05/10/2006
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