BARQUINHO DE PAPEL
Em meio ao vento
O mar batia forte
Pássaros na mão contrária
Era mesmo um barquinho
Um barquinho de papel a chacoalhar
Ondas no mar da enferrujada cor
Gotas de água em dor de amor
Barquinho vai, papel que molha.
Barquinho volta no balançar da esmiúda onda
O tempo acalmou
No clarear, o pensamento é outro.
O barquinho seca
Cicatrizou o mal do corte
Maré que sobe, ora recua.
Barquinho de papel sorriu
É dia claro agora
Tem vida que não entende
Uma querida por sempre, chora.
Essa tão sofrida é a mais dolorosa.
Barquinho de chumbo afundou.
Um lindo outro de ouro foi junto, o seu brilho ofuscou.
Na simplicidade de ser um papel
Um barquinho guerreiro
Enfrentado da dureza
Que mora molhada
Ontem barquinho magoado
Hoje mais leve, dureza que nada.
O barquinho foi levado
Areia de terra forte
Barquinho feliz.