Hoje é dia de Jazz
I
Carcome e consome
Toda a massa cefálica que tem
Bebe vinho, sempre sozinho
Não sabe se vai bem.
Implode, explode
Sempre nesse vai-e-vém
Mas ora, como pode
Não depender de ninguém?
Ultrapassa a vidraça
Se corta por um requiém
E o vidro estilhaça!
(Aos poucos, pois curte também).
II
Sentado, abalado
A vitrola canta ali
No canto marcado
Por quem eu já vi!
Naqueles tempos, momentos
De que não esqueci
Jurou amor à música
E depois nunca o vi!
Da bateria, da alegria
Que toquei e senti
Sobrou cura, agonia
E depois nunca ouvi.
III
Mas alma! agora, calma
Vitrola ligada agora aos pés
Quando eu chego, ressalva
Fumaça! Não mais chaminés!
Um vinho, conhaque...?
Não. Água! Não bebo em bordéis
Música. Batuque, atabaque...
Dormi no convés!
Coltraine, Baker... Tem?
Só não saboreio o stress
Vai! Eu fico sozinho, tudo bem?
Hoje é dia de jazz...