Quando parei de pensar
É tarde,
quase noite,
e os trilhos do metrô são mais rápidos que meus pensamentos.
Passa o tempo e em nada penso além dos trilhos,
depois nem neles,
me perco em um “nada-pensar”.
O entardecer me envolve,
finas nuvens coloridas misturam-se aos últimos fios de raio de sol,
é lindo!
Há verde em volta dos trilhos
e um pedaço de alguma história em cada estação.
O contorno das montanhas da Serra do Curral enfeita minha mente distraída,
sorrio, sozinha, para o “nada-pensar” que se vai,
mas ainda não penso em nada concreto,
não tenho como organizar.
A noite chega com a viagem
e o que vejo da janela é meu reflexo envelhecido.
Um calejar de pensamentos entorpecidos se mistura a meus traços,
trouxe uma linha definitiva entre minhas sobrancelhas,
como se eu estivesse sempre preocupada ou brava.
Mas, é noite!
Os trilhos do metrô já são tão lentos como meus pensamentos deveriam estar.
Foi-se o tempo,
e meu lamento,
me levou ao tal “preocupar”.
O anoitecer me comove,
pontas de luz de pequenas estrelas,
antes adormecidas,
põe-se a brilhar.
Uma linha de Lua amarela e crescente
traz cor ao rumo negrejante que o céu tomou,
paro para olhar.
Há uma escuridão em volta dessa estação
e meus pensamentos consolam uma história.
Deixo para trás,
adeus!
Vou-me embora...