Mais Quieto!
Beneficiei-me do silêncio,
Um espetacular compêndio.
Há momentos em que é preciso calar,
Para a dor amenizar.
Ao contar o que acontece,
Potencializa-se o que entristece.
Eu não quero levantar meu dedo em riste.
Muito menos, permanecer triste.
Resolvi passa por cima,
Para não machucar a rima.
Entendi mais um pedaço de mim.
Algo que se pudesse, mudaria sim.
Mas não dá. Não é possível.
Mesmo sendo tão sensível.
Essa mesma sensibilidade
É uma característica do que me incomoda,
Do que eu não queria trazer à roda.
Talvez, para preservar minha pseudo privacidade.
Entretanto, já passou
O jarro quebrou.
Já recolhi os cacos
Para compor novos dados.
O que ficou,
O que sobrou
Foi a energética disciplina,
Que ampara e ilumina.
Uma vez que se abre o foco,
Que se oferece ao mundo o próprio colo,
O livre arbítrio,
Submete-se, naturalmente, ao superior princípio.
Impede-se qualquer volta ao passado,
Mesmo aquele que se viveu amarrotado,
Que não satisfez
E deixa o desejo de uma próxima vez...
O fato é que não vou parar minha jornada,
Por levar mais umas desnecessárias lambadas.
Ao contrário, estou progressivamente seguro,
Do que cabe em meu mundo.
Sei exatamente o que quero
Nada, para mim, espero.
Estou aqui a serviço do universo,
Tentando contribuir com o evolutivo processo.
Superei todos os limites que, em mim, eu via.
Entendo de onde vem a minha melodia,
Com seus compassos diferentes
E seus arranjos arguentes.
Aceito todas as contrariedades
De optar pela diversidade,
Pela íntima autenticidade
De viver à margem da sociedade...
Festejo também, todas as vantagens
De fazer da minha vida uma enlouquecida viagem...
Tão rica em experiências,
Que desafiam o lado concreto da consciência.
Já acho natural
A minha intimidade com o excepcional,
Com o improvável!
Com o imponderável!
Estou aprendendo a administrar,
Um pouco melhor,
O que me empurra ao maior.
O que me faz arrepiar...
E transbordar em versos e sons,
Os maravilhosamente inusitados tons,
Com que me privilegia a eternidade,
Com a sua surpreendente sinceridade.