O trem da paz...
O mesmo trem que apitava amores
no horizonte azul da terra roxa gelada
vomitava empanturrado, a fumaça negra
nas curvas turvas,das manhãs dilaceradas
o mesmo trem que apitava amores
e dispersava pássaros enamorados
trazia um coração triste, amargurado
que chorava o seu trágico adeus...
o mesmo trem que apitava amores,
que acenava longe a esperança
acariciava o sorriso da criança
beijava a relva e sacudia as flores
trazia adormecida, entediada a dor.
o mesmo trem que apitava amores
na estação, mudo, indiferente,
aportava malas, mágoas, dores
e assistia às lágrimas quentes,
que os pingos sedentos
da chuva fria levava
trazia também nele a fantasia...
de que um dia traria a bandeira da paz!
Benvinda Palma