Juízo final, Juízo perfeito.
Expedição ao espírito do tempo.
Dia após dia azulejando ódio.
Sinfonia, bajulação, pajem do karma.
Tosca tripulação,
A quanta ignorância acumulada
Que se diz sadia: sádica!
Ainda intitulam,
Esperam e se aborrecem pelo apocalipse
Como se fosse mesmo a volta do Messias.
Se esquecem do verdadeiro julgamento
Que está em cada lacre de um sepulcro,
No reprimir do artista,
Em cada majestosa arvore ceifada que chora,
Em sua surdina matinal, carvão torna-se.
Ou na ave de asas feridas que faz do céu transatlântico
E tenta retornar ao ninho,
Regurgita sua tristeza em canto,
Marca sua trajetória com lágrimas, sangue e pio.
Lá sim estará o apocalipse.
O Juízo final é todo o dia, todo tempo
E eu faço meu juízo perfeito.
Não espero trombetas nem cavalos alados,
Somente analiso , vejo, sinto este fim, este inferno meu e coletivo
E tento transcrever, leitor, nestas páginas céticas de papel.