ESPERA - ME O SEPULCRO...
Ouço o som do silêncio...
Eco das coisas que penso,
ora triste, ora risonha,
refletindo nos meus sonhos
já vividos, por viver...
Porém em Paz, pode crer.
Vida vai a cada instante,
juventude já distante,
onde a vida e os amores
tinham vivas, suas cores...
E hoje, nem a esperança
faz comigo uma aliança...
Minhas ilusões perdidas,
minh'alma triste, ferida
por tanta desilusão,
por mentira e traição...
Por ser o melhor, de mim,
por não ser aceita, assim...
Sozinha, no mundo, sigo,
passos trôpegos, perdidos,
já não sei prá onde ir...
Sem horizontes, porvir,
só solidão e silêncio,
frios, herméticos e densos...
Espera - me o sepulcro,
único e último fulcro
da minha vida, a outro estágio...
Será, mesmo, um presságio,
nesse momento tão triste,
da morte, o ancinho em riste?
Se for, deixo como herança,
mais que umas poucas lembranças,
o meu mais puro perdão
àqueles, sem coração,
que meu coração feriram
e, de mim, ainda riram...