Um Tempo Sem Lugar

A face plana.

As fases lunares.

Entre versos e cantos.

Lenta luz solitária

em meio a veloz escuridão.

Forma vazia de um espírito.

Uma pedra, uma alma.

Uma arma flamejante,

o calor do corpo.

Os músculos anestesiados.

O sangue desbrava as veias.

Finas nuvens sobre o luar.

Névoa sobre os olhos.

Desejo de ventos e tempestade.

Que surja algo de novo.

Imaginam-se nuvens pesadas chegando

Passos rápidos ecoam pela rua.

O coração em disparada.

Os pulmões querem sufocar a garganta.

Risca o céu uma lâmina prateada e torta.

As nuvens se desmancham

em lágrimas de ilusão.

A cidade enclausura

o vento nos corredores das ruas.

A noite se aprofunda em madrugada.

Novos corpos, novas faces.

Ideias transformam-se em confissões bêbadas.

A ansiedade transforma sonhos em pesadelos.

Nasce um destino diferente a cada dia vivido.

Braços abertos podem estar esperando...

Pode haver ninguém a esperar.

A solidão do abandono das horas.

O desejo de esperar.

Não se sabe

se está acordado ou dormindo.

Sabe-se lá se existe esse lugar...

Se existiu este minuto...

Na certeza da dúvida.

12/02/1986

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 14/11/2009
Reeditado em 01/03/2015
Código do texto: T1923159
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