As flores de maio
E se as flores de maio
desabrocharem enfim
nesta cidade?
E se espantarem o frio
a dor, o medo
da violência desses dias?
E se o aroma pueril,
penetrar nos lares, por entre as frestas,
das grades, janelas, cortinas, narinas?
E se as abelhas,
fertilizarem o pólen, de alguma flor
que teima em botão abrir-se?
E se ainda que fosse tarde,
as ruas florescessem em paz e harmonia,
em gestos, encontros, sorrisos?
E se os homens se deixassem
levar pelo chamado vital,da natureza
que inda perdura nesta selva urbana?
E se fizessem crianças ou borboletas,
a afagar a flor humana que inda resiste,
na alegria de compartir este momento?
E se esquecessem por um breve instante,
das balas, chagas, grades, medo
e verem a flor do amor desabrochar?
E se as flores de maio,
pudessem entoar uma canção de outono,
neste sombrio cenário de guerra urbana?
E se cada um de nós a cada momento,
Reafirmarmos o valor do amor, frente à dor
e buscarmos (urge) o sentido pleno da existência humana?
AjAraújo, o poeta humanista.