RONDÓ DO SILÊNCIO
Do silêncio ouvindo a voz,
Minha alma, serena, traz
À vista, a divina paz
E excita meu pressentir.
Mesmo o canto das cigarras,
Ou murmúrios de cascatas
São mais lindos que a sonata
Da voz forte do sentir.
Somente a serena voz
Do silêncio traz consigo
As verdades que persigo
Pelos cantos do existir.
Do silêncio ouvindo a voz,
Minha alma, serena, traz
À vista, a divina paz
E excita meu pressentir.
A natura toda muda,
E minuto se faz hora
Quando mui sereno aflora
O silêncio a conduzir.
Tudo muda neste mundo;
Mudas tu, mudamos nós,
Ao sentir a bela voz
Da calada a se exprimir.
Do silêncio ouvindo a voz,
Minha alma, serena, traz
À vista, a divina paz
E excita meu pressentir.
Ao soar de som nenhum,
Sempre torna bem maior,
O silêncio, eu sei de cor,
Meu pensar e discernir.
Busco então viver fazendo,
Silente, minha abordagem
Sobre os falantes que fazem
Os sons falsos do iludir.
Do silêncio ouvindo a voz,
Minha alma, serena, traz
À vista, a divina paz
E excita meu pressentir.
Entregue, portanto, aos tons
Das cantigas da verdade
Eu me lanço, com vontade,
Ao ritmo do construir.
E nos cantos sem ruídos
Dos versos de amor e paz
Que componho é que se faz
O meu modo de influir.