Tá vazia! Vamos aproveitar.
Os carros sentimentalmente vão descendo pelo estado.
Pouco a pouco a cidade esvazia
potes, jarros, baldes, canecos, garrafas.
Agora cabe tudo,
a estrela cabe na verruga
os dedos cabem na outra mão
as três cores cabem no semáforo
o banco cabe entre o cansaço
a paisagem cabe no olho
a calçada cabe na possa
as pontes cabem no lado oposto.
Becos secos de gente
as ruas livres para momentos, pensamentos, sei lá.
As pessoas também vão se esvaziando,
indo a outra roupa a outro lugar.
A cidade sem transito
é livre ar.