SILENCIOSO JARDIM

No mato, entretido

Na grama, deitado

O que sinto é o vento

Ao redor soprando

Em meu ouvido sussurrando

Sinto o frio

Sinto a água

As gotas da chuva

A terra molhada

Adentrando meu olfato

Hmmmm...

Suspiro folgado

As flores já úmidas

O orvalho a cair

São súbitas sensações

Ásperas vocações

Sei que aqui o chão é verde

E que por baixo o marrom tudo colore

Da vida que surge

Da morte iminente em cada pétala caída

Sinto o perfume

E nele embalo meus anseios

No zumbir, no tracejar de breves vôos

Imagino leve o sono, sonhos

E eu que imaginava que o paraíso não existia

Mal sabia que para alcançá-lo

Bastaria abrir a porta de casa

E simplesmente ir de encontro

Ao mais desejado momento

Na grama ao relento

Morto de vontade

Vivendo o simples ato

De aspirar o gélido ar

De meu jardim ao amanhecer

Do jasmim ao anoitecer

E em meu pensamento

Um simples questionamento

O que mais querer?

O que mais?