manhã sem pardais
acordei cedo.
observava agora
tremores nas mãos.
estava indissoluvelmente ligado
a temores sem razão aparente
para acontecer, a não ser
a constatação da tua ausência
em meio a uma turbulência
de sentimentos ocasionais,
como a manhã sem pardais
ou uma noite sem lua
ou uma foca com frio.
e já não sei se me rio
dessa minha ingerência
em tais assuntos menores,
me diriam os pardais,
que sempre estão atrás
do alpiste perdido,
jamais levando em conta
que certo tipo de ausência
possa lhes afetar.
e eles assim se distraem,
chegando até a ocorrência
de uma nova manhã.
Rio, 11/11/2008