Av. Paulista,37
Avenida Paulista
Número 37
Estou sentado
Numa poltrona marrom
Na varanda
Da Casa das Rosas
17:05 horas
Já é tarde
E as rosas
Exalam seu perfume
A fonte esguicha água
Que faz barulho ao cair
Os pássaros estão em silêncio
Esperam talvez a chuva cair
Eu espero alguém
Pra falar de paz
E nada mais
A gorda e a magra passam
Beijam-se e se despedem
E vai cada uma para um lado
Mais pessoas cortam caminho
Passando da Paulista
Para a Alameda Santos
Cruzando o Jardim
Da Casa das Rosas
E enquanto escrevo
Observo
Estou sob setenta e dois
Anos de história
Quanta história pra contar
Ninguém para pra olhar
Passam por passar
E continuarão a passar
Mas a Casa das Rosas ficará
Imponente soberba
Resistindo ao tempo
Resistindo contra o poder
Financeiro que a quer derrubar
Pra construir mais um pardieiro
Pra alojar escritórios
Pra pessoas morarem
Dormir, trocar de roupa, tomar banho.
Porque ninguém mora em gaiola
Acostuma-se, mas não se vive.
Vivo deste momento
Desta hora deste agora
A japona passa e me olha
A morena bonita vai embora
Pegar o metrô o ônibus
Pra ir pra casa
E eu na varanda
Da Casa das Rosas
Sentado na poltrona marrom
Escrevo o que vejo e o que penso
Sobre o que se passa
Um jovem triste com uma mochila
Passa tristemente
Sem olhar para lugar nenhum
Preso a seus próprios pensamentos
No entanto a senhora sisuda
Passa olhando pra tudo
Mesmo sem nada ver
Os ônibus passam na Avenida
O careca também passa
E a senhora de óculos passa
E eu sentado na poltrona marrom
Na varanda da Casa das Rosas
Sob setenta e dois anos de história
Admiro a tudo que é um nada
Comparado ao universo
Que nos envolve
Mas que é tudo agora
Pra quem esta sentado
Na poltrona marrom
Na varanda da Casa das Rosas
No dia 12 de março de 2007
Esperando alguém
Pra falar da paz
E o que é PAZ?
É trégua
Silêncio
Sossego
É união
É dar-se as mãos
Num aperto de mão
É não à guerra
É não matar e não morrer
É não fazer ao outro
Aquilo que não gostaríamos
Que nos fizessem.
É amar ao próximo
Como a si mesmo
PAZ É AMOR
Amor é paz
Em paz
ABittar
Poetadosgrilos