Desabafo de Deus
Repeti nas tuas portas o som do mar,
contudo a tua raiva ecoava reciproca
à humanidade abstêmica do caminhar
curioso em doutrina que ensina amar!
Dei-te a natureza dotada de expressäo,
porém tua palavra falada sem emoçäo
se calou demais vulneràvel à fraqueza
que nao te dei, mas afronta a grandeza!
Flor ingrata chorosa quando amanhece,
lamentas o derradeiro pingo orvalhado;
e a mim te enviando o sol numa prece,
mal agradeces complementar o mundo!
Dia a dia eu provenho teu rico sustento,
porém frente ao choro furtivo da justiça
que abominas e ainda nutres a’sperança
dos teus pecados terem imediato indulto,
questiono se como a ti amas teu proximo,
a ponto de assumires a missäo do mesmo?
em pranto incontido, parece que me amas,
mas se moro em ti, porque tu me chamas?
Nenhum rio é mais lindo que o que verte
divinizando tu’a essência pur’e pulsante,
mas nele nao navegas, turismo fantasioso
t'esquivas à tentaçäo e me deixas furioso!
Ofertei amor, espinho, ruga, prazer e dor,
oh, divinas emoçöes num banquete completo;
persevera Filho meu!no trist’estio de temor
e magoa, usa o meu colo como eterno leito!
Grenoble-FR-17/05/2006