Os Jardineiros do Cosmo
 

O verdadeiro jardineiro
não é aquele que cuida de um jardim
esperando que o elogio
de outro alimente sua vaidade.
Não é aquele que zela
na esperança de reconhecimento,
mas é o que se sente recompensado
ao constatar a beleza e viço das flores.
É a vida em seu esplendor
nessas singelas criaturas
que é a grande retribuição,
o prêmio pelo carinho
e dedicação do seu cultivador.
Pois imaginemos o cosmo
com as suas galáxias 
sendo os seus grandes jardins.
Deixemos o pensamento criar
e veremos o terreno fértil
do trabalho dos verdadeiros jardineiros.
E  imaginemos os seus astros
como sementes divinas
que um dia, transformadas,
hão de gerar outras tantas sementes.
E ainda um pouco
além, seja desvendado o segredo
que os jardineiros nascem dessas sementes.
Teremos, assim, uma íntima relação: 
sementes, flores e jardineiros.
E no criar eterno
de uma única fonte original
há de surgir filhos
que hão de gerar outros,
multiplicando-se
numa expansão evolutiva contínua.
Que os benditos fluídos do universo
sejam poderoso fertilizante a multiplicar 
sementes, floradas e jardineiros.
E assim, serão jardins povoados de luzes,
serão sementes solares
a povoar onde antes
havia apenas o vácuo cheio de trevas.
No seu nascer, as flores
talvez sejam selváticas,
mas no seu amadurecer
terão a suavidade dos brandos.
Será a força
que nasce impulsiva e inquieta,
mas depois se direciona
e se conduz como
que guiada por consciência superior.
E no lapidar das sementes, dia chegará
em que os jardineiros ganharão
as asas das aves.
Serão livres para o seu voo de liberdade,
pois a sua revoada será conduzida
pela secreta lei de libertação.
E a felicidade, então, será um renovado
e bendito adubo a auxiliar
aqueles que ainda são jardineiros.
Na lavoura celestial
o eterno não será mera hipótese,
o infinito não será mera divagação.
No espaço ilimitado
haverá lugar para a individualidade
cuja existência não agride o todo.
Cada um há de cumprir o seu papel
de filho de um universo
em progressiva expansão.
O amor não será mais uma busca,
mas o princípio
que conduz, irmanado à lei.
E as flores brotarão de sementes
que trazem em si
a essência da paz e da harmonia.
E então as pequenas criaturas
serão os deuses filhos do único Deus.
Serão servos uns dos outros,
pois que na origem
está a suprema verdade de serem irmãos.
Irão se congregar na origem,
e a fraternidade não será ideal distante,
mas filha do aprendizado
da justiça irmanada à misericórdia.
E por serem justos e misericordiosos
descobrirão que o Pai vive dentro deles.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 01/05/2009
Reeditado em 01/05/2009
Código do texto: T1569830
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