Suaves Ventos
Tem algo estranho a guardar-se no silêncio,
Talvez a impressão de que oculto olhar me observa.
Hoje, antes do cansaço, visita-me uma sensação anestesiante.
Por ínfimos instantes sinto-me plenamente consolado.
Toca-me uma melancolia, como se houvesse suave saudade.
Vem até uma inesperada expectativa de afeição.
É contraditória, pois pareço estar muito longe de tudo.
Mas invade-me uma sensação de profunda proximidade.
Nada quero esperar, nenhuma expectativa quero ter.
E, abandonado pela ansiedade, pressinto algo de bom.
Como se o que a razão julga como improvável,
Por um momento se transformasse em real possibilidade.
A inquietação de minha alma resolveu se calar.
O coração bate cadenciado, sinto paz.
E não desejo interrogar, mas apenas sentir.
Não quero julgar, não almejo ser julgado.
Percebo a materialidade de meu corpo,
Mas, em lugar indevassável, minha alma está leve.
Persegue-me uma promessa de encontro,
Algo tão aguardado, como perto da impossibilidade.
Não sei se é possível, mas visita-me ingênua certeza.
Novamente observo a exaustão do corpo,
E ainda assim percebo a força de um bem-estar.
É como se houvesse um coração na alma.
E imagino asas, sinto algo como se fosse um voo,
Um prazer de liberdade infinita.
E sinto a consciência brincar entre a realidade e a fantasia.
Não sei o que exatamente almejo. Não sei se estou perdido,
Não sei se estou a possuir algo, ou se faço parte de algo.
Sei que abandono, por insignificante instante, as dúvidas.
E, sem entender bem, sei que nunca me senti tão dono de mim.
As sensações vão brotando, e as letras se desenham.
Escrevo ao completo acaso, desprovido de compromisso,
De impulso, de necessidade de registrar o ocorrido.
E de repente o pensamento parece despertar.
A crítica cria as suas sentenças.
E uma suave ironia se organiza em palavras
“Quem sabe sentimentos santificados visitem as paixões”...
Os velhos impulsos de uma alma senil,
Visitados pelas virtudes adquiridas no tempo sem fim.
E como entender? E como viver,
Se em meio ao alvoroço humano muitas vezes nada encontro,
Enquanto que na solidão do silêncio tanto percebo...?
O efêmero cotidiano muito pode contra a eternidade.
E a alma guerreira desperta contra a solidão.
Quer despertar a eternidade nos outros,
Quer que falem a sua língua,
Quer que sintam o que ele sente.
Pois que sentido tem uma grande conquista,
Se esta não pode ser compartilhada?
Sonhos que brincam de ser ideais,
Vontade metálica que almeja realização.
Mas hoje é apenas acalentado desejo.
Saber das próprias limitações é ter sabedoria.
E ainda que não seja uma fuga,
Abandonar o tempo das inflexíveis horas.
O melhor no momento é guardar-se em si.
Sentado, em lugar secreto e só seu,
Para ali observar o céu e seu oceano de estrelas,
Ficando ali deslumbrando num sentimento infantil,
Falando à solidão, como se fizesse uma confissão.
Como se, mesmo não sendo comum, fizesse uma prece,
Buscando uma origem de tudo,
Pouco se importando com a sua explicação.
Pois antes, deseja comungar com o Todo,
Temendo por um instante perder-se da Criação,
Para depois serenar-se numa certeza:
Como posso perder algo,
Se em verdade é este algo que me tem?
Tem algo estranho a guardar-se no silêncio,
Talvez a impressão de que oculto olhar me observa.
Hoje, antes do cansaço, visita-me uma sensação anestesiante.
Por ínfimos instantes sinto-me plenamente consolado.
Toca-me uma melancolia, como se houvesse suave saudade.
Vem até uma inesperada expectativa de afeição.
É contraditória, pois pareço estar muito longe de tudo.
Mas invade-me uma sensação de profunda proximidade.
Nada quero esperar, nenhuma expectativa quero ter.
E, abandonado pela ansiedade, pressinto algo de bom.
Como se o que a razão julga como improvável,
Por um momento se transformasse em real possibilidade.
A inquietação de minha alma resolveu se calar.
O coração bate cadenciado, sinto paz.
E não desejo interrogar, mas apenas sentir.
Não quero julgar, não almejo ser julgado.
Percebo a materialidade de meu corpo,
Mas, em lugar indevassável, minha alma está leve.
Persegue-me uma promessa de encontro,
Algo tão aguardado, como perto da impossibilidade.
Não sei se é possível, mas visita-me ingênua certeza.
Novamente observo a exaustão do corpo,
E ainda assim percebo a força de um bem-estar.
É como se houvesse um coração na alma.
E imagino asas, sinto algo como se fosse um voo,
Um prazer de liberdade infinita.
E sinto a consciência brincar entre a realidade e a fantasia.
Não sei o que exatamente almejo. Não sei se estou perdido,
Não sei se estou a possuir algo, ou se faço parte de algo.
Sei que abandono, por insignificante instante, as dúvidas.
E, sem entender bem, sei que nunca me senti tão dono de mim.
As sensações vão brotando, e as letras se desenham.
Escrevo ao completo acaso, desprovido de compromisso,
De impulso, de necessidade de registrar o ocorrido.
E de repente o pensamento parece despertar.
A crítica cria as suas sentenças.
E uma suave ironia se organiza em palavras
“Quem sabe sentimentos santificados visitem as paixões”...
Os velhos impulsos de uma alma senil,
Visitados pelas virtudes adquiridas no tempo sem fim.
E como entender? E como viver,
Se em meio ao alvoroço humano muitas vezes nada encontro,
Enquanto que na solidão do silêncio tanto percebo...?
O efêmero cotidiano muito pode contra a eternidade.
E a alma guerreira desperta contra a solidão.
Quer despertar a eternidade nos outros,
Quer que falem a sua língua,
Quer que sintam o que ele sente.
Pois que sentido tem uma grande conquista,
Se esta não pode ser compartilhada?
Sonhos que brincam de ser ideais,
Vontade metálica que almeja realização.
Mas hoje é apenas acalentado desejo.
Saber das próprias limitações é ter sabedoria.
E ainda que não seja uma fuga,
Abandonar o tempo das inflexíveis horas.
O melhor no momento é guardar-se em si.
Sentado, em lugar secreto e só seu,
Para ali observar o céu e seu oceano de estrelas,
Ficando ali deslumbrando num sentimento infantil,
Falando à solidão, como se fizesse uma confissão.
Como se, mesmo não sendo comum, fizesse uma prece,
Buscando uma origem de tudo,
Pouco se importando com a sua explicação.
Pois antes, deseja comungar com o Todo,
Temendo por um instante perder-se da Criação,
Para depois serenar-se numa certeza:
Como posso perder algo,
Se em verdade é este algo que me tem?