Se eu pudesse

Se eu pudesse chover novamente,

choveria no sonho de pedra até amolecer

e morgá-lo manso às águas do rio

que viaja a caminho do mar,

que embala terno,oportunamente,

em melodia d'esperanças foridas,

d'intuitivas intenções encantadas!

Se pudesse novamente chover,

regaria o outono remoto,

para que os frutos encubados

rebentassem como as estrelas

no céu abrindo claras veredas,

discretas donas das alvoradas!

Se pudesse chover, oh se pudesse!,

as águas não parariam de verter

as bençãos que cobrem os céus,

e aflições e desalentos,

certamente transfiguraria

em asas da fé incontida e contrita,

no abraço de mãos se encontrando!

Se pudesse acordar todos os começos,

infinitando o amor por decreto de lei,

para amarmos cada dia como se o último,

em peregrinação contígua onde nada termina,

nest'ambíguidade de início sem fim castrador

reverter-se-ia tudo sempre em prol de um beijo!

Santos-SP-17/04/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 17/04/2006
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