PAZ NO MUNDO

Penso que aprendi a conhecer,

o mar que arrebenta em mim.

Mas que arrebenta e depois serena,

seguindo luas, dias, noites e vendavais.

Penso que aprendi a ter mais fé,

no olhar do outro sobre mim.

Mas a fé do outro é instável,

e a minha fé é permanente.

Penso que aprendi a construir

sonhos mesmo na areia.

Mas a areia muda de lugar

e eu recomeço a construção.

Penso ser tão grande o amor em mim,

ser tão voraz e aturdida esta voz

que grita rouca, indignada

por ter que pedir paz.

Paz que soam como gritos na terra,

que paz é essa que nela habita ?

Habita homens frágeis, homens

fortes, vidas e mortes.

Paz é a serena mão do bebê no berço

É o canto do bem-te-vi ao amanhecer

Paz é plena compaixão a dor do outro

É querer se doar tanto e não ter medo.

Paz é a conquista vigorosa pelo gosto

da voz suave, da música leve, dos passos serenos.

Paz é permanecer em silêncio

enquanto muitos lançam-lhe pó no rosto.

Penso que a paz só é verdadeira

Quando invade a alma inteira

Quando o homem acolhe todo homem

Quando não mais se necessitar falar de fome.

Penso que a paz é um esforço a menos

do que fazemos para construirmos a guerra.

E nós homens loucos, insanos

matamos em nome desta bendita e ansiada paz.

A que tempo a conquistaremos se ela não existir em nós ?