O CELULAR
Um chamado
Uma emergência
Um homem armado
Sem paciência
Trancado dentro
De uma agência
E os reféns
De joelhos
Pedindo clemência
O drama e
O desespero
Ele queria só mesmo
O dinheiro
Sozinho a
Cena roubava
Lá fora uma
Mão acenava
O pai de
Uma adolescente
Que fazia uma
Oração fervente
Pedindo a Deus:
“_Salve a minha filha
Não quero luto
Em minha família...
Eu troco de
Lugar com ela
Atire em mim
Não toque nela...”
A multidão
Se aglomerava
Ao redor
Daquela agência
Mas lúcido
O homem pensava
Com sua
Fria consciência
Queria cumprir
Sua missão
E sair com a
Grana em sua mão
E então
Escapar ileso
Usando um
Armamento de peso
Mas temendo
Possível invasão
Suicídio não
Era o
Seu alvo
Desejava escapar
A salvo
Mas um
Celular tirou
Sua atenção
Ao distrair-se
Num instante
Descaiu o
Seu semblante
Ao ver a sua
Mãe no chão
Desnorteado
Assombrou-se
E da sua
Infância lembrou-se
O que feriu
Seu coração
E disse:
“_Mãe, eu sei
Que estou errado
Mas não tenho escolha
A vida é assim
Se pra Deus
Isso é pecado
Que ele me recolha
Sou vaso ruim...”
A mãe de joelhos dizia:
“_Meu filho,
Abandone
Esta vida
E volte
Hoje mesmo
Para a casa
Liberte
Estas pessoas
Oprimidas
Não cave
Pra si mesmo
Uma cova rasa...”
Aquele homem
Então em prantos
Aos pés
Da mãe
Ajoelhou-se
E abraçando-a
Sentiu então
Seu acalanto
E todo o ódio
Retirou-se...
As pessoas
Foram libertas
Não houve
Nenhuma vítima
Todas as portas
Foram abertas
E ele assumiu
Culpa legítima
Um celular
Mudou a história
Um simples ‘toque’
Uma chamada
Este episódio
Ficará Pra sempre
Guardado em
Nossa memória
O celular
Gravou a cena
E tudo alí
Registrou-se
Um monstro
Em pessoa serena
Pelo amor daquela
Mãe Transformou-se
"...As grades podem prender o seu corpo... Jamais a sua alma..."
(JUNIOR OMNI)
Junior_silva_739@hotmail.com
© JUNIOR OMNI - 2008