EPÍLOGO

Ah!

Sair de mim

Seguir viagem

Sem ponto final

Poder dormir

No banco do jardim

Poder comprar

Passagem só de ida

Zombar da vida

E ser amoral

Andar descalço

Cabelo ao vento

Sem documento

Sem ler jornal

Ver gente nova

Ter nova mente

Bem diferente

Não ser carente

Sem endereço

Sem domicílio

Nem utensílios

Não sufocar a fé

E até

Amar com amor

Desmedido

E mesmo assim

Fazer sentido

Ser despojado

Ser desprovido

Ser indulgente

Ser imprudente

E de repente

Ser incoerente

Virar duende

E finalmente

Evaporar

Ou...

Desaparecer

Como indigente.