Mais que nunca... é preciso cantar*

Se não escrevo, quase mais nem respiro.

Se respiro, é porque escrevo.

Em um canto, em um recanto, em meio à multidão.

No silêncio indecente dos não-inocentes,

ou na explosão das bombas não-democráticas

que nunca caem sobre a casa dos poderosos,

e costumam destruir as cidades operárias,

nas fábricas ou prédios de escritórios

estes em horário de trabalho de imigrantes,

jamais as mansões, as dachas,

os castelos dos impérios em quaisquer tempos.

E se os poetas se recolhem,

as bombas e os tiros não

que razão terão para cessar?

Os que disparam os gatilhos

ou aqueles que apertam os botões,

esses não cantam o amor,

tripudiam o altruísmo

pisam a flor, dão vivas ao egoísmo

Na abertura dos jogos de Beijing um menino de 5 anos à frente da delegação chinesa.

Ele estimulou sua turma de escola a cantar, e cantar alto, e sempre, para que os bombeiros que viessem em socorro das vítimas do terremoto os ouvissem sob os escombros.

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Marcha De Quarta-Feira De Cinzas/Vinícius de Moraes

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