PAZ - APENAS UM SONHO
Paz, Apenas Um Sonho...
(Sócrates Di LIma)
À beira de uma estrada, ali sentado,
Um sonho á espera de um sonhador.,
Havia tempos mórbidos, ali estancados,
Que já sem brilho, perdia-se a cor.
É um sonho sem tempo.
Desfolhado ao soprar dos ventos,
Amarelado, sem muito talento.,
Qual página velha de alguns mandamentos.
Ali sentado á espera não o cansa,
E, o sonho abre os braços num grande bocejo.,
Como se eterna fosse a esperança.,
De realizar tão breve, seu grande desejo.
Pela manhã, acorda manso, ávido,
Esperançoso de algum modo ser notado.,
Espelhando na relva úmida um brilho encarnado,
D’ alguma estrela de amarelo pálido.
Os dias passam, como os pássaros voam,
E os cabelos brancos então alvoroçados.,
Mostram que naquela estrada um tanto agitado,
Ninguém até então, o havia notado.
Calmamente arruma suas malas.,
E na estrada passo a passo, põe-se a caminhar,
Pedindo carona com as mãos estendidas, sentido horizonte.,
Olhando para trás á espera de alguém.
Numa nova estrada desfaz suas malas,
E novamente de braços erguidos põe-se a acenar.,
Num sentido claro, sentido estelar,
Para que de algum modo alguém o possa notar.
De repente, surgiu-se uma ave gigante,
Pálida, sem cor e sem jeito.,
Como uma brisa suave, contagiante,
Naquele sonho suavemente pousou.
Aquela ave tornou-se branca como neve,
E voou ao encontro da mente humana.,
Como se na calda longa iluminada de um cometa,
Gorjeia em tom alto estridente.,
Eu sou a paz...eu sou a paz...eu sou a paz.
Nesse instante, um estampilho ouviu-se,
Alguém a abateu.
E, a paz perdeu-se nas mãos do próprio homem.