Mulheres sem rosto

Mulheres sem rosto sem pêlos sem mãos

Limitadas. Castradas de suas vontades

Proibidas de tudo sozinhas. Coitadas.

Obedientes senhoras de seus afegãos

Mulheres iguais, mas tão diferentes

Olhos afoitos gestos calados

Regidas pela mesma crença

Guiadas pelos cajados

Artistas mães pintoras e poetas

Em silêncio rompendo tabus

Islãs devotas rebeldes

Buscando amiúde vitórias secretas

Escondidas em burcas

Mendigas viúvas de corpos cobertos

Escancarando desejos ainda não mortos

Rompendo em silêncio caminhos incertos.

Cair do pano!

Meta sigilosa das incautas escravas

Empunhando olhares saindo às ruas

Conquista tímida em regime insano

Salve a mulher sem rosto!

Que esconde no corpo sua magia

Esconde do mundo sua malícia

Viva a artista, mãe a poeta

Close no olhar de sua alforria.