PEDRO, OS CURRAIS AINDA SÃO NOVOS?
Açude Dourado - Currais Novos-RN

(À memória de Pedro Medeiros, meu amigo cantador)

Visito hoje Natal! Quantos natais se passaram...
Estou a rememorar os bons tempos que ficaram
São dias mui felizes da minha adolescência
Sem nenhuma malquerença, no Triângulo Mineiro
Terra também de muitos vaqueiros
Hoje sem nossas caatingas, sem os nossos cerradões
Sem mais as unhas-de-gato, sem paus-terra, nem urtigas
Espero que ainda por lá, se cantem aquelas cantigas...

A recitar o Cordel de histórias da sua terra
De Lampião, de Silvino, de quem lutou nesta guerra
Eu ali, ainda menino, ouvindo sem cochilar
Longa peça teatral que estava a encenar
Era uma ópera perfeita, com um aboiado constante
Quando o era com o gado, bravio lá na caatinga
Se era com a metralhadora usada pela volante
O movimentar dos lábios, era uma gargalhada
Do fuzil e da espingarda, se ouvia o pipocar
Só se ouvia pipocos
Às vezes ficava rouco
Tomava um pouco de mel
O meu amigo afamado, o cantador de cordel!

Acho que era sua terra, a cidade dos Currais
Seridó oriental, aldeia de Canindés, divisa da Paraíba
Não sei se ainda tem gado, se os tais ainda são Novos
Se de pé ainda estão, só indo lá eu comprovo
Preciso tirar a limpo, este lugar tão antigo
Se alguém se interessar, convido-o a ir comigo
Se há Medeiros por lá, dou a mão, é gente brava
Se tem metade da força é parente deste amigo!

Sobradinho-DF, 23/03/08 - abello