Um céu claro pincela o horizonte
na tarde sublime e deslumbrante,
um entardecer no pico montanhoso
silencia a lida de um dia estafante.
Quatro Marias era a fazenda alegria
quatrocentos serviçais negros a supria,
polenta com peixe no azeite de dendê,
o funzhi, negros e brancos ali repartia.
uma encantadora menina trigueira
criada na fazenda colhendo frutos no pé,
brinca a infância simples e verdadeira
com os serviçais no terreiro de café.
em Angola essa menina floresceu
sem perder o brilho e sem ser fútil,
andar de lambreta ali ela aprendeu
em seus dias de paz e encantos mil.
o amor puro chegou de mansinho,
chegou com uma réstia de luz no olhar,
a bela mocinha de dezenove aninhos
acolhe o amor que veio para ficar.
mil novecentos e setenta e seis
negro ano em que a dor a oprimiu,
a guerra, os seus dias se desfez
obrigando-a imigrar para o Brasil.
quarenta anos de guerra passou
viu o sangue derramado dos seus
mas de tristeza nunca chorou,
era feliz na infinita graça de Deus.
este poema merecia um gran finale,
essa aprendiz de poeta não tem primazia
quis apenas homenagear uma amiga,
uma canção para “Ana Maria”.