CANÇÃO PARA ANA MARIA

Um céu claro pincela o horizonte

na tarde sublime e deslumbrante,

um entardecer no pico montanhoso

silencia a lida de um dia estafante.

 

Quatro Marias era a fazenda alegria

quatrocentos serviçais negros a supria,

polenta com peixe no azeite de dendê, 

o funzhi, negros e brancos ali repartia.

 

uma encantadora menina trigueira

criada na fazenda colhendo frutos no pé,  

brinca a infância simples e verdadeira

com os serviçais no terreiro de café.

 

em Angola essa menina floresceu

sem perder o brilho e sem ser fútil,

andar de lambreta ali ela aprendeu

em seus dias de paz e encantos mil.

 

o amor puro chegou de mansinho,

chegou com uma réstia de luz no olhar,

a bela mocinha de dezenove aninhos

acolhe o amor que veio para ficar.

 

mil novecentos e setenta e seis

negro ano em que a dor a oprimiu,

a guerra, os seus dias se desfez

obrigando-a imigrar para o Brasil.

 

quarenta anos de guerra passou

viu o sangue derramado dos seus

mas de tristeza nunca chorou,

era feliz na infinita graça de Deus.

 

este poema merecia um gran finale,

essa aprendiz de poeta não tem primazia

quis apenas homenagear uma amiga,

uma  canção  para  “Ana Maria”.

Moly
Enviado por Moly em 10/05/2008
Reeditado em 22/06/2012
Código do texto: T983813