Minha Mãe
Minha Mãe
Minha mãe é nordestina,
Mulher de fibra,
Casou-se nova,
Ainda uma criança,
E veio para Minas com meu pai,
Deixando para trás toda a sua família.
Aqui, a menina que ontem
Brincava de boneca de trapos
Começou a gerar uma numerosa família.
Quatorze filhos, um em cada ano.
Foi de tudo um pouco naquela família
Que aumentava. Cozinheira, lavadeira,
Arrumadeira, passadeira, babá.
Era mãe para toda obra,
Mãe para não acabar mais.
Para dar conta da meninada
levada, mantinha-se atenta e presente.
Valia-se, quando precisava, de firmeza
e autoridade.
Valeu a pena.
Quatorze filhos criados e bem criados.
Tementes da Justiça de Deus e respeitosos
Da lei dos homens.
Nos mês de Abril ela fez 80 anos
E comemorou com uma festa e tanto.
Conseguiu unir todos os filhos, netos e amigos
Numa chácara alugada, com direito a bufê,
Musica ao vivo, e tudo.
E lá estava ela no meio da rapaziada
Dançando com o vigor de uma adolescente
E ainda prometeu que a cada cinco
Anos a dose vai se repetir.
Deus a ouça porque esta
Foi a melhor festa que já participei
Em meus mais de cinqüentas anos
De existência.
Minha mãe é porreta, é um exemplo
De vida para nós seus descendentes
Com muito orgulho
Sou filho da Dona Inêz.