Aos poetas II

Não sei direito lhes dizer o que acontece...

Que bicho que veste minha pele.

O que diabos, de mim se apodera.

Por que meus olhos não se fecham?

Afinal, qual é o nome da fera?

Pois enquanto o mundo dorme, na ausência do medo

E a cidade silencia, pálida, vazia.

O frio se espalha, e eu o percebo.

E eu não durmo...

E eu escrevo.

Alguém aqui, de fato, se importa?

Na verdade, importa saber?

Não,não interessa, absolutamente...

Salta aos olhos a verdade nitida, ela grita...

Dormir é pra quem já morreu.

Mãos que dormem, não podem escrever.

Esta, é deslumbrante exceção à regra.

Maravilhosa curva, nesta enfadonha vida reta.

Você entende, nobre amigo, eu sei...

És poeta.

L>K