Poeta e Ginecologista
Eu vinha pela calçada....
Tinha saído da estrada
Caminhava em disparada
Quando a avistei calada
Veio a mim e perguntou...
Com semblante sorrindo
Como escreves tanto?!
De onde tiras as idéias?
O que se passa contigo...
Diga lá meu bom amigo.
E discorri aqui comigo
Sabes...agora mesmo
Falava com meu umbigo
Ao descer do CNPq...
Poeta é como ginecologista...
Não há que se ter prurido
Vergonha ou recato contido
Mas no figurado sentido
Há que se abrir as coxas...
As pernas os seios...a veia
Para que nasça a poesia...
Objetivo sugestivo de magia
Garimpeiro procura a pedra
O pintor rabisca assim o nú
Ordem rara do talento cru
Animal que caça em exaltação
Fluindo d'alma a forte emoção
Numa distração meio indolente
Do nascer do sol ao poente
Sem a visão vulgar da obscenidade
A manifestação o momento impõe
Numa ruptura ao falso pudorismo
Despida a censura e o moralismo
Ele fotograva e depois revela...
No lugar da foto...os seus versos
Puros...simples ou complexos.
Hildebrando Menezes
Obs: Dedico à colega Maria Lúcia