AMAMBAI - Fronteira com o Paraguai que não esqueço jamais...

Amambai dos tererés.

Cidade das linguagens híbridas.

Dos apelidos sem iguais.

De um povo quase mestiço.

Entre gaúchos, paraguaios e índios.

Dos bailes de galpão e dos valseados.

Das marchas e dos troteados.

Dos vanerões por todo lado.

E polcas, chamamés e rasqueados.

Povo trigueiro e sofrido.

Lutando nas areias das estradas.

Que infertilizam as invernadas.

Mas nutriam nossas graviras.

Pelos lados dos Guaçutis.

Nos campos quase Guaranis.

Mas chegando na fronteira.

Atravessando muitas porteiras.

Encontramos as Paraguaias.

Que no surgir da moda.

Já usavam a mini-saia.

Mistura pura

De pobreza e também de fartura.

Não faltando a formosura.

De algumas miss de formatura.

Que exibiam sua candura.

Nos concursos da cidade.

Embelezando nossa mocidade.

Perante as autoridades.

Se apresentando noutros pagos.

Causando delírios por todo lado.

Embelezando nosso condado.

Também os artistas de Hollywood

Eram apresentados com amplitude.

No saudoso cine Primavera.

Do Donevil e sua galera.

Apresentado grandes faroestes.

Juliano Gema e seu dólar furado.

Com balas zunindo pra todo lado.

A gurizada fazendo algazarra.

Gritando, assoviando e aplaudindo.

Mas o alvoroço ia sumindo.

Quando uma bala passava tinindo

Atingindo o “mocinho”.

Que fazia um beicinho.

Pra levantar cabaleante

E com um tiro desconcertante.

Acertava aquele assaltante.

Assim prosseguia a vida.

Com rotina e alegria.

E com os medos das profecias.

Dos mitos e das bruxarias.

Do lobisomen em lua cheia.

Do Genésio das longas noites.

Amanhecendo no Ernesto Landolf.

Contando as estórias do lusco-fusco.

Que se instalaram após o crepúsculo.

Amendrotando os bichos do escuro.

Com suas inscrições pelos muros.

Causando curiosidade e indagações.

Sobre o autor das divagações.

Assim era a vida do amambaiense.

Enredada pelas conversas das comadres.

Lembrando a última lorota.

Que circulava com uma chacota.

Aos lábios das fofoqueiras.

Que atacavam as moças faceiras.

Dizendo que fizeram besteira.

Namorando um “bagaceira”.

Assim a conversa ficava animada.

Falando das moças “afamadas”.

Que todas mereciam umas palmadas.

Por serem mal educadas.

E a vida ia correndo.

Muitos causos aparecendo.

Até aqueles do Teodomiro contando...

Sobre seu cavalo alazão.

Que corria como um vulcão.

Chegando primeiro no galpão.

Correndo da chuva do sertão.

Só molhando a parte traseira.

Isolando sua dianteira.

Onde estava seu patrão.

E termino estas estórias.

Desta cidade de tantas glórias.

Relembrando com saudade.

De meus tempos de mocidade.

Quando aprendi muitos atalhos.

Para chegar à minha plenitude.

Com saudade da juventude.

E não confundir “alhos com bugalhos”

E chegar no fim da linha.

Com um frio na espinha.

Quando vem a saudade.

Ai escrevo com dignidade.

Para fazer jus à minha cidade.

Que ressurge da minha mocidade!!!

Machadinho
Enviado por Machadinho em 18/03/2008
Reeditado em 28/09/2023
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