CANÇÃO ANÁRQUICA do POETA JOSÉ LINDOMAR CABRAL

O Sol ainda não saiu o anjo ainda não chegou

as coisas ainda não são as coisas, mas é preciso

jogar nas costas o embornal,

a cavalo, de moto, surfando nos trens

vamos seguir, vamos seguir,

é hora de topar com as gangs e com os homens-bomba

o dia ainda não começou, mas o Poeta

Lindomar lindomariando a manhã, arrancou do céu

o sol, para que de uma vez por todas tenhamos luz.

O Sol se não sair não faz mal, gostamos mesmo

muito mais da noite insana, mas o anjo por favor,

o anjo se chegue rápido, crispando os vales

de gritos, que é hora, sempre é hora, sol

na ponta do cajado, de escutar o Poeta Lindomar

espalhar fagulhas noite adentro, da poesia exata

como o corte da navalha em brasa alada.

É hora, sempre é hora de enxergar que Lindomar é Poeta

porque entende Deus, e mastigando o morango

do sangue dos delicados, estaca farpas lógicas

no coração da linguagem-vampira dos farsantes,

porque capuz na alma aventureira,

saltar a janela da poesia possuindo-a nua e inteira

só mesmo lançando ao mar as garrafas estéticas dos passado,

aí sim, olho do furacão vazado o tempo só é tempo

na cadência da melodia.