EU GOSTO TANTO DE VOCÊ QUE EM CADA LÁGRIMA SUA EU MORRI TAMBÉM
Eu gosto tanto de você que em cada lágrima
[sua eu morri também
As pessoas dizem que sentem muito,
Querem saber do ocorrido, cidade pequena,
Espreitam um motivo, difícil entender.
Você chora a cada abraço, uns mais externos,
Outros completamente comovidos.
Dizem que vai dar certo, que você irá sobreviver...
Eu digo que você vai ficar bem.
Mas a tristeza deles, meu amor, não é visceral como a nossa,
O infortúnio deles não vai passar daquela porta
Que, como epígrafe, anuncia a morte de seu pai.
Eles vão chegar em casa, família adentro,
E a agonia deles, a partir daí, vai se dissipar.
Eles vão ver TV, rir na sala, e, pr’a dormir,
Bastarão fechar os olhos.
Os nossos não.
Eu vou estar alerta, bem alerta,
Atentando para o estremecer de seu corpo
(que me assusta, que me faz rezar veementemente pr’a você)
E também me faz descrer de tudo
- Que vida essa nossa! -;
Assistindo a seus pesadelos,
Nos quais eu não posso entrar de maneira alguma
Pr’a te salvar, pr’a te tirar desse Inferno.
Me resta acariciar seu rosto,
Lhe abraçar forte, acomodar seus cabelos atrás da orelha,
Dizer que te amo, que vou cuidar de você pr’a sempre,
E que somos abençoados por Deus,
Pois só quem suporta toda essa dor é capaz de amar tanto,
Antever o futuro e acreditar que a vida ainda vale à pena.