À Palavra

Mágica palavra

Que transforma sentimentos

Na mais bela concretude

Detenho teu corpo, não possuo tua alma

Amo-te por ser tão exata

Amo-te por ser tão confusa

Amo-te pela tua complexidade

Amo-te pela tua doce sonoridade

Mortal és doce palavra

Àqueles que não respeitam a tua divindade

Àqueles que te legam à mais fútil das futilidades

Possuí-la desejo como a um amante

Com fervor, sem pudor

Moldando-te, esculpindo-te

Com mãos, tinta e mente

Afável és com os que te respeitam

Dando a tua mais doce essência

Tua beleza, magnitude e benevolência

Em troca do amor que lhe é ofertado

Amo-te palavra! Amo-te!

Tu és única, capaz de transformar

A mais fria e escura treva que há

No mais belo e luminoso paraíso

Nessas horas, peco por odiar-te tanto

Pois nenhum truque ou piscar de teus olhos

Fará com que esse pobre ser

Transpasse teu corpo, possua a tua alma