Transitoriedade ( reflexão sobre Gregório de Mattos Guerra)

Tu renasceste, ó Gregório,

Das cinzas de um passado contundente

Como a fênix, símbolo do renascimento,

Ressurgiste em pleno século vinte.

Tua obra é fortemente discutida

Nas escolas, cinema e universidades.

És motivo de estudo no presente,

Da história emudecida pela classe dominante do passado!

Mentira, verdade? Não sei...

De ti falam, falam...Bem ou mal.

Insultam-te, reclamam, amam, odeiam...

Numa tempestade de opiniões que se misturam no passado e no presente:

Dúvidas? Incertezas?...Não sei...Não sei...!

Só sei que és espelho que reflete a nossa gente!

Falam, falam...

Do plágio, do erótico obsceno,

Do profano, do religioso e das sátiras,

Dos teus ruborizantes versos

E te comparam, na minha interpretação,

A um vil e torpe cafajeste.

Foste um homem de coragem,

Revolucionário, inquietante!

Quem sou eu para julgar a tua obra,

Mera estudante do primeiro semestre?

Mas de uma coisa quero que saibam,

Que como tu, Gregório,

Também sou irreverente!

Nos teus reveladores versos

Roubos, crimes, adultérios,

Procissões e nascimentos estão contidos,

Registrando assim para a história

O primeiro jornal no Brasil surgido.

Se lá do além onde vives perguntasses:

-E a Bahia, como anda atualmente?

Dir-te-ia com veemência, Gregório:

-Continua como dantes, sob o chicote e o tridente!

Adormecida, é verdade,

Cercada por dragões

Que suga a vital energia

Dos seus passivos entes

Bahia, ah! Minha Bahia!

No que foi que mudaste realmente?

Gregório de Matos Guerra,

Teu filho renegado,

Tão passado e tão presente

Reflete nos seus versos ainda hoje

O medo torpe em que vive a nossa gente!

Na era da globalização,

Da tecnologia efervescente,

Teus versos, tão velhos e tão novos,

Em nós, estudantes, estão presentes.

Esperanças?...Certamente!

Tua poesia QUEIXAS, ó Gregório,

De crítica à hipocrisia da sociedade,

É hoje ainda mais moderna,

Pois retrata, exatamente, a nossa realidade!