CANÇÃO PARA A VENTANIA
Pergunto ao vento que passa
Se viu novas de mim,
E o vento traz-me sussurros:
-Sim...sim...sim...
Mas os meus ramos inertes,
Tolhidos por férreas garras,
Não ousam brotar o verde
Por entre as suas amarras.
A Primavera é criança,
Tenro sopro de equinócio,
E a ventania dança,
Em nuvens, como se fosse
A esteira de minhas vozes,
Véus diáfanos de quem
Esvoaça asas d' anjo...
-Vem...vem...vem...
Como dar as mãos ao vento?
Tecer laços de cetim?
E a aragem traz-me sussurros:
-Assim...assim...assim...
E a ventania aconchega-me,
Reveste meus ramos nus,
Abraça a minha alma em sede
De flor, semente, de luz...
Desfolhando mil corolas
Devendo sonhos em mim,
E os ecos são madrepérolas
Perfumados de alecrim.
Pergunto à ventania que passa
Se viu trovas de mim.
E ela traz-me sussurros:
-Sim...sim...sim...
(Em homenagem a uma força da natureza - uma ventania com o nome de Zelda. --Pois... nem só os furacões têm direito a nome de mulher...--)