Como nos fascinávamos a observar o céu;
quando transportávamos a cama para cima do telhado;
víamos o universo de cima da laje, que parecia despencar sobre nossas cabeças;
A vastidão desse oceano permeado de estrelas;
não havíamos ainda lido os pré-socráticos e nenhum astronômo; apenas a curiosidade ancestral dos garotos de se maravilhar com o céu e seus encantos;
Riámos e falávamos de coisas tão disparatadas, como tudo foi criado, de que era feito as estrelas, em que estrela viviam as almas penadas, em que céu estariam os mortos;
sem nenhum sistema filosófico que nós amparasse;
e falávamos sobre ladrões da noite,
do cheiro de terra molhada, do canto dos grilos;
Falávamos de terra, ar, mar, fogo, ar, éter, água, música, sombras e galáxias;
Divagávamos em diálogos desconexos, na noite densa, misteriosa e lenta,
com imaginação e inventividade;
De cima da laje, o universo de sonhos, fantasias, estrelas D´alvas,
E acreditávamos em algo divino e maravilhoso,
que movia e animava o mundo;
num pensamento fresco e singelo;
não tínhamos nenhum filtro ao que viámos;
as coisas eram como eram, como o olho enxergava;
nada além dos nossos sonhos e fantasias;
era um universo ordenado;
éramos argonautas em busca de uma ilha perdida em algum ponto luminoso no imenso céu que chamávamos de infinito;
varávamos noites em claro, pelo simples prazer de estar na noite, de pertencer a ela e de fazer parte do seu mistério;
elminho