Doces epifanias clariceanas.

Palavras são incompetentes para caracterizar tuas virtudes

A inteligência deslumbrante que te cobre, afaga-te e te embeleza

Ainda mais

A vida que te oferecia tanta filosofia no papel

Também te tiraste filosoficamente do tal estágio vital

Teus olhos oblíquos esverdeavam os meus

O matiz claro e eslovaco da tua pele

Clareava o foco que eu tinha em um horizonte qualquer

Tão obscuro e sem nitidez,opaco,antes da tua chegada

Sim;comecei a viver aos treze anos de idade,com a tua Macabéa

E com o estopim das tuas palavras

O tempo...alguns anos que te tiraram da minha vida

E a eterna indagação de quando e onde te encontrarei

Por enquanto,fico com os vestígios e com os resquícios da forma da tua letra

E do eco das tuas palavras,essas eternas traiçoeiras

Que falam quando não devem;e quando devem sair

Não falam,não querem: são altamente voluntariosas

É assim que estão agora:empacaram e me deixaram só

Aqui,no meio desse universo lingüístico,por vezes,infiel

A tua sabedoria é sobre humana

É divina,pouco captada pelos indivíduos normais

Tu és esplêndida,fantástica,divina e divinizada

Clarinha,Clara, Clarice

Puramente um mito carnalizado

Deus inventou a perfeição personificada em uma figura feminina

Amalgamou beleza à inteligência

Já disse:perfeição

Esta é uma palavra completa,forte e perfeita para caracterizar

A tua criação

Sobrenome de diamante

Ao mesmo tempo belo,duro e delicado

Vem do latim:”flor de lis”

Lispector...

Luciana Póvoa
Enviado por Luciana Póvoa em 06/02/2008
Código do texto: T848359
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