Doces epifanias clariceanas.
Palavras são incompetentes para caracterizar tuas virtudes
A inteligência deslumbrante que te cobre, afaga-te e te embeleza
Ainda mais
A vida que te oferecia tanta filosofia no papel
Também te tiraste filosoficamente do tal estágio vital
Teus olhos oblíquos esverdeavam os meus
O matiz claro e eslovaco da tua pele
Clareava o foco que eu tinha em um horizonte qualquer
Tão obscuro e sem nitidez,opaco,antes da tua chegada
Sim;comecei a viver aos treze anos de idade,com a tua Macabéa
E com o estopim das tuas palavras
O tempo...alguns anos que te tiraram da minha vida
E a eterna indagação de quando e onde te encontrarei
Por enquanto,fico com os vestígios e com os resquícios da forma da tua letra
E do eco das tuas palavras,essas eternas traiçoeiras
Que falam quando não devem;e quando devem sair
Não falam,não querem: são altamente voluntariosas
É assim que estão agora:empacaram e me deixaram só
Aqui,no meio desse universo lingüístico,por vezes,infiel
A tua sabedoria é sobre humana
É divina,pouco captada pelos indivíduos normais
Tu és esplêndida,fantástica,divina e divinizada
Clarinha,Clara, Clarice
Puramente um mito carnalizado
Deus inventou a perfeição personificada em uma figura feminina
Amalgamou beleza à inteligência
Já disse:perfeição
Esta é uma palavra completa,forte e perfeita para caracterizar
A tua criação
Sobrenome de diamante
Ao mesmo tempo belo,duro e delicado
Vem do latim:”flor de lis”
Lispector...