Neruda - o passarinheiro

Sempre que a saudade cresce

Invento-te inteiro e te tenho.

Caminhas ao meu lado

No amanhecer dos meus sonhos

Quase a tocar o silêncio sonoro

das alvorada,

Que já faz parte da alegria

E da multidão de pássaros.

Alguns já aprenderam o teu nome.

O Japim - pássaro preto de bico

encarnado, conversa contigo

Em idioma que só o reconhece, aqueles

que já atravessaram o tempo.

Faz tempo, você não se lembra,

Caminhavas ao lado do nosso poeta Santo

Nas areias de Punta de Tralca,

cujos penhascos metiam as mãos

nas espumas do Pacífico.

Pedras de Isla Negra!

Em Isla, tu falavas da infância

Recordava os céus de Parral,

O Liceu de Temuco... onde escrevestes

os primeiros versos.

Comigo, ainda conversas,

quando o invoco nas páginas dos teus

cancioneiros... Tua voz não mudou.

Na transparência radiosa do espaço

Alça voo, uma garça.

Asas de paz!

Comentas, acompanhando o vôo...

Momentos inesquecíveis e amorosos

que nos acompanharão pela vida...

CK