O Caminhar do Poeta

Expressamos a vida,

As incertezas, as angústias,

O amor, e o caos que nos cerca...

Questionamos o tempo,

Culpamos as horas,

E, no meio disso, retratamos o mundo.

Nos momentos enfurecidos,

Tingimos nossa essência com a noite,

Jorrando sofrimento como densa chuva.

Entre palavras, buscamos

O sentido das coisas,

Decodificando o destino intrínseco.

Seja de buracos negros,

Ou da árvore da vida.

Anseamos pela nossa verdade,

Nos versos, revelamos paixões e dores.

Criamos as notas, enquanto as canções saem, deambulando,

Até alcançar o ventre da alma.

Possuímos o semelhante ao cosmo interminável: a criação.

Iluminamos o emaranhado de pensamentos.

Ao nos vermos no espelho,

Projetamos nossa forma e estilo.

Através de nossa luneta,

Desenhamos o íntimo do nosso universo.

Com isso,

Lemos os astros,

Como astrônomos não o fazem.

Apreciamos a amizade das estrelas,

Agraciados pela companhia da lua e do sol em cada estrofe.

Degustamos,

Cada passo desta jornada.

Todavia,

Somos mais do que poetas.

Servimos,

Experiências gastronômicas para os que leem.

Agridoces, de certa forma, impondo sabores refinados ao paladar.

Também, sendo o sal da terra,

Huum...

Lírica saborosa!

Nossas estrofes constroem abrigos,

Para infindos sentimentos invisíveis.

Por vezes,

Curandeiros do coração incompreendido,

Ocupando olhares vazios.

No poço, lançamos a corda

E com o balde, enxugamos lágrimas.

Provocamos sorrisos,

Coramos rostos,

E damos voz aos calados.

As letras folheiam as páginas,

pois as mãos cansadas compõem, até nos sonhos

Damos vida à folha,

Que, livre, voa.

Por fim, nunca controlamos o vento,

Que leva nossos poemas.

Talvez algo superior os conduza.

Hospedeiros de uma dádiva,

Que ecoa nossas gravuras.

Instrumentos que pavimentam a estrada,

Para que, assim,

As poesias trilhem seu próprio caminho.

Nesta morada, tudo é sobre nós,

Mas também nada és.