Tenho a ti como amigo
E pego em tuas mãos para seguir em frente.
Creio em ti plenamente não somente por seres meu amigo
Creio em ti por seres exatamente o que tu és.
Queria sim, meu amigo, ser como tu.
Poder vestir-me em vestes simples
E sorrir para esta vida vermelha.
Tu colhes o que de melhor a terra te cede
E concedes parte do que tens a quem precisa.
Quero a ti meu amigo,
Como o homem que viveu como nunca foi vivido.
Como o abraço mais comprido que meus braços podem criar.
Sim, meu amigo,
Deixarei nossos nomes naquela árvore velha
Escritos com uma flexa sangrada no tronco.
Jamais saberei meu amigo
Se foste o único que conheci,
Mas carregarei a sentença de nunca te esquecer
E estarei contente com este não castigo.
Tu serás sempre que regou minhas noites secas,
Que me acalentou quando versos perdidos não foram notados,
Que nada o que me diziam me fazia crer ser verdadeiro.
Nunca sentiste qualquer culpa por erros que cometemos
Ou te livraste de carregar nas costas o peso de minha vida.
Amigo, neste universo de espíritos consoantes
Somos apenas os inconstantes sons de uma natureza barulhenta
Que chega a arder em nossos ouvidos.
Quem me dera um encontrar-te não às páginas de um livro,
Mas nas estrelas em que habitas.
Gritas em meu peito, amigo,
Nesta saudade infinita do pós-vida!
Para meu falecido pai,
Mário Sérgio de Souza Andrade.