Enquanto Sou Novo
Eu sou novo na vida, você já viveu demais,
Eu me permito sentir, você evita sinais.
Sou o coração aberto, o peito que se expõe,
Enquanto você, maduro, guarda o que lhe compõe.
Eu vejo desejo no seu olhar contido,
E na sua fuga, um medo escondido.
Sou o erro que você tenta evitar,
Mas também o acerto que te faz respirar.
Você pensa muito, mas finge que não,
Evita o peso da mente, ignora a razão.
Enquanto eu mergulho no que o peito sente,
Você caminha no raso, cauteloso e ausente.
Eu prometi não pensar no que nos separa,
Mas as dúvidas queimam como chama rara.
Será que sou sua vergonha, um segredo guardado?
Ou o orgulho que um dia será revelado?
Eu ainda não fui ferido o suficiente,
Ainda corro atrás do que o coração sente.
E mesmo sabendo que posso me machucar,
Prefiro o risco a nunca tentar.
Se eu cair, que seja por você,
Que seja por tudo o que ainda não sei dizer.
E quando a dor vier, eu vou lembrar,
De você, do seu olhar, do seu jeito de evitar.
Porque de todas as quedas que a vida me deu,
Talvez a que me leve a você seja a que mais valeu.
E enquanto eu for jovem e cheio de amor,
Vou viver, mesmo que isso te cause temor.
Deixe-me ser novo enquanto você é cautela,
Eu sou a tempestade, você, a janela.
E se um dia, enfim, você se permitir,
Eu estarei aqui, disposto a sentir.