Labirintos
Senta-se, olha à volta, por um instante se cala,
com as dúvidas que permeiam seu ser , há muitas questões sobre estar ali.
Os pensamentos vacilantes aumentam sua insegurança.
Fito-o, como quem admira a primeira tentativa de uma criança.
Não digo nada ; espero a acomodação das coisas. Dentro e fora da sala.
Quando então, percebo uma respiração mais ritmada, mais calma.
Apresento-me como um par preparado para auxiliá-lo.
Informo que aqui podemos encontrar muitos caminhos, desfazê-los , traçar novas rotas.
Agora, além de sua respiração já estabilizada, seus olhos fixos em mim, concentrados.
Começa aos poucos despir-se das couraças que a vida lhe impôs .
Há momentos que demonstra vigor; em outros, suas fragilidades.
Conta-me as coisas inauditas.
Deixa desabar as estruturas de si à minha frente, confia que as reergueremos juntos.
Entre suspiros e choros, deixo de ser o receptor principal.
Entre um encontro e outro, a sala , agora acomoda três.
Não mais me vê nas sessões , pelo contrário, hoje se vê;
Se enxerga .
Novas habilidades aprendidas, conceitos reelaborados, encontra novas perspectivas.
Até que um dia a porta se abre e este ser humano sai.
Guardarei na memoria seus aprendizados e ensinamentos.
Enna Luz