Perereca não era um anfíbio
Perereca não era um anfíbio
Não, Perereca era um gari
Isso mesmo, na época era
Mais chamado de varredor de rua
Pois Perereca era seu apelido
O nome de pia e de batismo não sei
Só lembro de seu apelido
Pois Perereca varria a rua
E fazia seu espetáculo particular
Quando via havia gente o suficiente
Numa rua, num bar, numa padaria
Ou numa lanchonete ou qualquer lugar
Principalmente em dias de feiras
Nos sábados dos burburinhos
Perereca dava um tempo e de
Varredora fazia sua vassoura
Ter outra função
A vassoura se tornava
Companheira de dança
Parava, contava causos,
Interpretava, dizia provérbios
Falava do pensava
Do imaginava
Dizia o mundo tinha gente demais
Depois veio a São Paulo
Passear na casa de um fio
Foi na Praça da Sé, na Praça da
República e na Avenida Paulista
Quase teve vontade de tirar
O chapéu e fazer reverência
Para a procissão passar
Isso depois de andar de
Trem, metrô e ônibus lotado
Voltou impressionado com
A quantidade de gente
No mundo
E contava casos
Falava de sentimentos
Cantava modinhas
E muitas inventadas
Por ele próprio
Dançava com a vassoura.
Só sei da história de
Perereca o ele mesmo
Mostrava
Não sei mais de nada
Sua história anterior
Sua família, sua infância
E depois não sei
Como foi seu fim
Só me lembro dele
No meio da rua
Divertindo o povo
Era um varredor de rua
Artista esse Perereca.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 03 de agosto de 2024.